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Ter uma rede de apoio é fundamental

Escrito por Carol Medeiros agosto 28, 2018
Ter uma rede de apoio é fundamental

“É necessário uma aldeia para criar um filho.” O provérbio africano já virou lugar-comum em tempos de redes (digitais) sociais. Mas é quando se mora longe da família e das amizades construídas ao longo da vida que se tem a real dimensão da importância dessa aldeia. Rede de apoio é fundamental!

No Rio, onde morávamos, eu não tinha simplesmente uma rede de apoio – ela era também minha rede de proteção e salvação. O pai da minha filha e meu marido, minha mãe, minha irmã, a Luísa (babá da minha filha desde os seus cinco meses), a minha sogra, duas tias, amigas, as mães dos amiguinhos da escola, que se tornaram parceiras de tudo, e algumas vizinhas e vizinhos – essa tropa formava a legião que me ajudou a cuidar e criar a Alice em seus primeiros sete anos de vida.

Você não precisa fazer isso sozinha

Não há vergonha em admitir que se precisa de ajuda. Na verdade, é ao mesmo tempo ingênuo, egoísta e até infantil achar que não. É um tremendo erro não pedir ou não aceitar. Os motivos são inúmeros. Não somos (nem precisamos ou devemos ser ) super-heroínas – somos humanas. Não temos todas as respostas. Nossos filhos precisam de referências diversas. Não vivemos numa bolha. O dia só tem 24 horas e nele temos que encaixar várias atividades, papeis, responsabilidades… Não se faz filho sozinha então, naturalmente, não se deveria criar filho sozinha, ainda que se seja mãe ou pai solo.

De volta aos meus tempos de Brasil, eu trabalhava fora. Muito. Porque precisava. E porque gostava. Mas me jogar de cabeça nele só foi possível porque eu tinha respaldo e muita ajuda. Não só com a Alice. Mas para compartilhar as dúvidas e anseios, angústias e fracassos de ser mulher e mãe. Para falar e para ouvir. Para dividir o fardo e as vitórias. Para ser compreendida.

Dúvidas no caminho

Arquivo Pessoal

Quando nos mudamos para a Holanda, fiquei com medo de não saber como ser mãe longe da minha rede de apoio. De não dar conta.

Para quem eu gritaria socorro na hora que eu não soubesse o que fazer? Quem eu chamaria numa emergência? Com quem eu contaria se precisasse fazer algo sem a Alice? Quem iria me abraçar quando batesse aquela vontade de chutar o balde?

Quem está lendo pode estar pensando: nossa, que drama! Quantas mulheres criam seus filhos sozinhas por aí? E nossas mães, avós e bisavós, que tiveram inúmeros filhos numa época em que os homens não trocavam nem uma fralda?

Sim, tem uma parte de verdade nisso. Há um drama. O meu drama. Cada um tem o seu, não é verdade? E cada pessoa tem suas habilidades e a falta de outras. E tem suas angústias, necessidades e seus próprios fantasmas. E um dos meus era esse, fazer o quê?

Além disso, não é totalmente verdade que antigamente as mulheres tinham um monte de filhos e criavam todos sozinhas. Hoje vivemos numa sociedade muito mais solitária, fechada e excludente. Quantos de nós não sabemos o nome (e nem a cara) dos nossos vizinhos? Pensem que antigamente muitas mulheres moravam perto de suas famílias, às vezes no mesmo terreno ou rua de irmãs, mães e tias. E as casas viviam com suas portas abertas e as crianças circulavam livres. Os vizinhos olhavam, davam bronca, davam lanche. A avó era a segunda mãe. A tia receitava remédio caseiro pro machucado. Enfim, outros tempos com um senso maior de comunidade, mais segurança e menos exigências.

Deu ruim, e agora?

Muitos podem ainda ler o início desse texto e estar se perguntando: mas e o pai dessa criança? Bom, aqui o pai é super presente, corresponsável e parceiro. Mas ele trabalha fora. Hoje é o provedor e tem suas próprias batalhas pessoais. E na minha cabeça vinham mais dúvidas: quando ele tiver alguma problema? E se ele não puder estar aqui por conta do trabalho? E quando eu quiser ou precisar fazer algo com ele?

Um desses dias chegou. Meu marido se machucou e em maio precisou fazer uma operação delicada no joelho. Ele ficaria pelo menos dois dias internado (que se transformaram em três) e mais algumas semanas sem poder andar. O hospital ficava numa cidade vizinha. O que fazer?

Acionar a rede de apoio! Muitas mãos se estenderam sem que eu precisasse pedir, oferecendo e dando ajuda, sobretudo com a Alice, para que eu pudesse estar com o meu marido durante os dias de hospital. Mães dos amiguinhos da escola da Alice se prontificaram a colaborar. Até carro nos colocaram à disposição.

Brasileiras em Rotterdam

Foto Rodrigo Portella (Instagram @byportella )

Vocês podem então se perguntar: como, em tão pouco tempo, você já está rodeada de pessoas e construiu uma rede num país onde não fala nem a língua?

Eu gosto de gente, não tenho medo das pessoas. É o que posso dizer.

Quando decidimos mudar, eu sabia que não poderia fazer essa nova vida dar certo sem amigos. Amo as minhas pessoas que deixei no Brasil e serão sempre parte de mim, inesquecíveis e, graças à internet, sempre presentes (viva as chamadas de vídeo!!!). Elas me ajudaram muito nesse tempo aqui. Mas a minha preocupação maior era com a Alice. Queria que ela sentisse o mínimo possível a solidão da mudança. Que ela conhecesse outras crianças brasileiras com quem pudesse se conectar, já que não conseguiria fazer isso com os holandesinhos até que fosse capaz de dominar o idioma.

Mas a verdade é que eu também precisava. E por um combinado de sorte e extroversão, e com a mãozinha de Deus sempre abrindo os meus caminhos, logo que chegamos eu conheci mulheres incríveis que em pouco tempo se tornaram amigas e companheiras de jornada. Com filhos com idades diversas ou sem filho nenhum, vindas de todo o canto do Brasil com suas histórias, bagagens, profissões, planos e necessidades, formamos o Brasileiras em Rotterdam. Um grupo que nasceu num post do Facebook, logo se transformou em grupo de Whatsapp e mais rapidamente ainda ganhou o mundo real.

Algumas acabaram de chegar, outras já estão há mais de uma década nos Países Baixos. Muitas vieram acompanhando os maridos expatriados, tantas imigraram pelo amor de suas vidas, algumas vieram a trabalho e umas poucas já até se foram para outros países. Essas mulheres embarcaram no grupo para tentar estabelecer laços, para si e para seus filhos. Porque não é fácil morar fora. E a aldeia é ainda mais necessária quando nos jogamos no mundo.

Graças ao grupo eu aprendi como os holandeses chamam o creme de leite e onde comprar feijão preto. Entendi como funcionava o huisarts (médico de família). Peguei indicação de escola, médico, restaurante e cabeleireiro. Troquei dicas de viagem e eventos. Discuti sobre filmes, séries, parto, sistema de saúde, aculturamento, português como língua de herança, a saudade do Brasil, depressão, mercado de trabalho, promoções, o tempo, a cor da moda… Com elas tomei cafés da manhã, almocei, fiz picnic no parque, churrasco na praia, aniversário em casa, aniversário no bar, passeio de barco, feijoada, bazar, pilates, passeios de bicicleta, viagem; fui a parque de diversão, festivais, show, jogo, ao cinema, ao teatro, à missa, à balada, ao curso de holandês; tomei cerveja, vinho, caipirinha, tequila, sangria, gim e Cava. Com elas fizemos muitos encontros com a criançada. Abracei e acolhi.

Não tenha medo de se conectar

Em agosto completamos um ano morando em Rotterdam. Está longe de ser fácil ou perfeito. Parte de mim muitas vezes quer voltar pro Rio. Mas a razão sabe onde é o nosso lugar por enquanto. E a emoção é apaziguada pela rede de apoio, sororidade, empatia e carinho que encontrei aqui de mulheres e mães estrangeiras e, acima de tudo, brasileiras.

Se posso dar um conselho para quem está imigrando com crianças: não tenha medo de seus conterrâneos, não se feche numa bolha, busque outras mães, encontre amigos que falem a mesma língua de seu filho. Você não precisa nem deve viver num gueto. Mas não esquecer das raízes pode ajudar muito na adaptação ao novo lar.

 

Leia também Solidariedade brasileira ajuda a salvar menina na Itália

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Carol Medeiros

Carol é carioca, jornalista e mãe de uma linda menina de sete anos. Formada em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense e pós-graduada em Sociologia Política e Cultura pela PUC-RJ. Morou dois anos em Londres e, de volta ao Brasil, foi repórter em jornais cariocas, com prêmios por matérias na área de Educação e Políticas Públicas. Entre 2009 e 2016, trabalhou na Prefeitura do Rio, onde exerceu os cargos de assessora direta do prefeito da cidade, assessora-chefe da Comunicação com a Imprensa e, a partir de 2014, Diretora de Mídias da Empresa Olímpica Municipal e Diretora-Geral do Centro Aberto de Mídia dos Jogos – Rio Media Center, sendo responsável pela Estratégia de Comunicação e Relação com a Imprensa para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Apaixonada pela Europa, em agosto de 2017 mudou-se para Rotterdam, na Holanda, para acompanhar o marido em sua jornada profissional, aproveitar a filha que está crescendo e experimentar uma nova vida que não inclui trabalhar 14 horas por dia, sete dias por semana.

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